terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O segredo

Postado por Flávia às 06:14
Comer, comer. Comer, comer. É o melhor para poder crescer!

E a mãe repete ,repete, repete a musiquinha na tentativa de hipnotizar o bebê.  Por algum milagre quem sabe dá certo e ela raspa a tigela. Come mais rápido. E a mãe só por hoje não tem que fazer o show do meio dia. Apresentação esta em que ela canta, samba, corre pela casa, se joga no chão, faz... TUDO para conseguir mais uma colherzinha.
Daí que depois de dias e dias encenando essa novela e levando boca cerrada do bebê pela cara. A mãe descobriu que:
1º Não pode projetar a sua história na filha. Já dizia a música: Cada um de nós compõe a sua história

Explico. Mamãe era um porre pra comer e não sabe como a vovó aguentou firme. Acho que a cada refeição, a vovó pensava secretamente em colocar a mamãe no saco e doar para uma família de ciganos. Ciganos de verdade. Andarilhos. Que levasse pra bem longe. Pelamordedeus. Quando lembro nem sei como eu me aguentava de tão chata. E por ser tão chata, muitas vezes a vovó dava o ultimato geral: Só sai da mesa depois de comer tudo! Nossa... Bastava isso para eu começar a suar frio e aí que a garganta travava mesmo. Não descia um grão de arroz.
Pois bem. Isso ficou tão registrado na minha memória que bastou a minha filha começar a fazer o biquinho de aqui não entra, para eu começar a temer a possibilidade dela reproduzir o meu comportamento a mesa. Pura neura é claro! E esses medos bobos te paralisam e impedem de seguir os teus instintos. Se você foi uma criança normal, sarada, bolinha, obesa, olívia palito ou "vento please, não me carregue" , não significa que obrigatoriamente( sem entrar na seara da genética) o seu bebê será do mesmo jeito. Até porque você será a orientadora desse projetinho de vida. E hoje temos muito mais acesso a informação que as nossas mães tinham não é verdade?
2º A hora de comer tem que ser divertida e não ansiosa

As vezes ficamos tão ansiosas pra cria raspar o prato que tornamos a hora do papar na hora do sacrifício. Corremos com as colheradas para o bebê comer o máximo possível. Queremos a concentração no prato quando se eles estivessem mais soltos/distraídos comeriam melhor. Bebês se cansam rapidamente. Ficar sentado em uma cadeira abrindo a boca de minuto em minuto é um verdadeiro tedio.
Por isso, mamãe aprendeu a usar estratégias na hora do papar. Bebê na cadeirinha. Começa muito bem comendo as colheradas com a boca bem aberta. Cansa. Não quer mais abrir a boca. Mamãe dá um brinquedo de morder. Bebê se distrai brincando. Volta a abrir a boca de novo. Cansa. Mamãe coloca o desenho preferido . Bebê se distrai. Continua comendo. Papai chega pra almoçar. Pega o bastão. Bebê se anima que agora tem cara nova na parada. Cansa. Mamãe chama a tia (ou qualquer outro ser solidário) para ver a bocona ... E por aí vai até terminar. Com calma. Respeitando o tempo do bebê. Afinal ninguém gosta de comer sob cobrança.
3º Diversificar e mascarar. Não adiantou? Retrocede para tentar novamente

A cada dia vou testando, oferecendo, criando coisas diferentes. Tudo para despertar o prazer de comer. Quando descubro alguma coisa que o bebê não gosta, mas precisa. Coloco o soldado camuflado na selva. É a beterraba com gosto de terra? Lá vai ela bem picadinha. Bem temperada e fininha misturada naquela abobora que a criaturinha adora. Não comeu de jeito nenhum? Retrocedo. Ofereço só a abobora. Espero uma, duas semanas e tento de novo. Não desisto de imediato. Estou ensinando a boa alimentação. Leva tempo. É preciso determinação.

 
4º Papar é divertido durante e depois
Aproveito pra brincar bastante. Canto. Invento brincadeiras novas. Faço batucada na cadeirinha. Deixo se lambuzar. Brincar com a comida. Tudo para que a hora do papar seja associada a diversão. Se o pai almoça em casa entra no circuito também. Faz bocão grande pra ensinar a ela como se come. E o mais engraçado é que ela imita e se diverte com ele.
Também criei um esquema que está dando certo. Depois de comer e se lambuzar da cabeça aos pés, a bebê toma um banho divertido. Na piscina cheia de brinquedos que ela adora ou no chuveirão com direito a palhaçada da mãe. Assim ela cria a expectativa que depois de comer bem a diversão continua.
5° Paciência, paciência e mais paciência
O tempo tá passando, a pia está cheia de prato, o almoço do maridão esperando e o bebê só deixa o avião pousar de 20 em 20 minutos? Paciência. Procuro organizar tudo antes porque quando eu sento para comer com Ana, o momento recebe toda a minha atenção. Já fiquei uma hora ou mais. E aprendi que ela come muito melhor com calma. Se eu estiver estressada e impaciente parece que a energia contagia resultando em bebê irritado e mãe frustrada. Procuro me divertir com as descobertas dela e relaxar. Quando o dia tá muito punk conto até 10, olho para o céu e respiro. Paciência é uma virtuuuude... Repita comigo.

E por fim, porém não menos importante. O sazon da maternidade. Aquele que Zezé de Camargo esgoelava nas paradas quando ainda usava franja.
É o amoooooor!
Tem que colocar amor no negócio. Quando estou preparando, alimentando, atuando... Até no suspiro pedindo paciência a God. É preciso amor. Esse é o segredo da comida de mãe.
Aquele feijãozinho que você seguiu a receita passo a passo e não ficou igual. O ensopado que por mais que ela te ensine não passa nem perto do chulé do ensopado que ela faz. Não se sinta a incapaz da cozinha. A mãe usa um tempero. Um que só ela tem.
E eu que me achava um traste na cozinha... Só fui descobrir o segredo agora que pari. ; )

1 comentários:

Isabela Kanupp on 7 de fevereiro de 2012 às 16:17 disse...

Olha eu aprendi a desencanar. Não quer comer?Okay. Vou ali faço outra coisa, distraio com algo e depois de um tempo tento novamente. E assim vai, tem dado certo aqui viu?rs


Beijos
www.parabeatriz.com

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